top of page

JUSTIFICATIVA

O projeto tem grande relevância por envolver estudantes em processo de ensinagem e professores de várias escolas da região. O público em geral terá acesso aos contos publicados. A produção deste gênero literário, a reescrita e a publicação em um blog proporciona aos educandos o contato com o imaginário ao ouvir, escrever e ler.

​

Para se compreender o processo de formação intelectual gerado pelo contato com diferentes histórias, devemos ter claro de que desde crianças somos movidos por um dos grandes motes da construção de saberes: a curiosidade. Por ela somos levados a querer saber sobre tudo que nos rodeia, sobre as pessoas, sobre o mundo, sobre os animais, e assim por diante. Tal situação nos transporta para um mundo vasto e ao mesmo tempo completo, onde todas as coisas são possíveis de acontecer. Um lugar comum e ao mesmo tempo tão peculiar a cada indivíduo, “este lugar para onde a pessoa se transporta é o lugar da imaginação enquanto possibilidade criadora e integrativa do homem”. (MACHADO, 2004, p. 24).

​

Contos apresentam narrativas, histórias, e o contar de histórias se consolida na formação das pessoas. Eis o que nos diz Machado (2004, p. 24):

 

Quando experimento estar dentro da história, experimento a integridade individual de alguém que não está no passado e nem no futuro, mas no instante do agora onde encontro em mim não o que fui ou o que serei, mas a minha inteireza no lugar onde a norma e a regra – enquanto coerção da exterioridade do mundo -  não chegam. Onde eu sou o rei ou a rainha do reino virtual das possibilidades, o reino da imaginação criadora. Nesse lugar encontro não o que devo, mas o que posso; portanto, entro em contato com a possibilidade de afirmação do poder criador humano, configurando em constelações de imagens.  

 

Não seria preciso justificar mais nada. Contudo, cabe ainda ressaltar que essa arte, tão singular e tão acessível, nos permite uma compreensão maior de nós mesmos. Ainda em Machado (2004, p. 24) aprendemos que “é preciso perceber a realidade do conto, do mundo encantado do “poder ser” para se compreender o efeito que as histórias milenares produzem até hoje no ser humano que somos”. A autora ainda continua:

​

Longe de ser ilusão, o maravilhoso nos fala de valores humanos fundamentais que se atualizam e ganham significado para cada momento da história das sociedades humanas, no instante em que um conto é relatado. Assim como o mito, a lenda e a saga, o conto maravilhoso não é só o relato de circunscrito a um determinado tempo histórico, mas traz na sua própria natureza a possibilidade atemporal de falar da experiência humana como uma aventura que todos os seres humanos compartilham, vivida em casa circunstância histórica de acordo com as características específicas de cada lugar e de cada povo. (MACHADO, 2004, p. 24)

 

A arte de contar histórias não pertence a um exclusivo grupo de pessoas, ela pertence a quem quer que saiba fazer uma leitura de mundo e repassar de forma dinâmica aquilo que viu. Nesse sentido, Bedran (2012, p. 21), ressalta que “pessoas letradas e não letradas leem o mundo e contam suas histórias”. Quando citamos o processo interacional do contar e ouvir histórias devemos buscar, ainda em Bedran (2012, p. 21), o que ela nos diz sobre o assunto: “a arte de contar tem uma estreita relação com o dom de ouvir: quando se distingue a experiência narrativa, desaparece também a comunidade de ouvintes.”

 

Para Machado (2004, p. 25)

 

Nunca, como hoje, o ser humano teve tanta necessidade de transitar compreensivelmente pelo mundo “além das aparências”. Cansado do ilusório apelo da “realidade”, o homem se pergunta hoje como significar sua relação com um mundo de padrões e regras e tarefas que sinalizam a estrada com placas onde se lê “Certo, vá por aqui”, ou então “Errado: perigo, abismo”, ou ainda “Recompensa: você seguiu a placa certa” e “Castigo: você se aventurou pela via proibida”. Nesse caminho não há placas que desafiam a curiosidade, encorajam a paixão ou apontam para o sentido de percorrer, seja qual for a trilha escolhida. O sentido está além das aparências, em pistas que se ocultam em um determinado tipo de árvore, na beleza do sol levante, no perfume de certo conjunto de flores douradas, na fumaça que vem da chaminé de uma cabana perdida no meio da densa floresta.

 

O contato com contos nos proporciona essa significação. Ele nos mostra uma gama de caminhos a serem percorridos, mas não aponta qual devemos seguir. Deixa-nos livres para escolher, para seguirmos aquele que nos trará novos sentidos e aumentará nossa satisfação pessoal. Assim, “a arte, qualquer arte verdadeira, permite este trânsito compreensível pelos significados fundamentais da vida humana. Não se trata de uma compreensão mensurável ou explicável dentro dos padrões convencionais”. (MACHADO, 2004, p.26-27).

​

Sobretudo, a interação com a literatura através dos contos permite uma aprendizagem significativa e insere os estudantes no vasto mundo da leitura.  Além disso, permite uma reflexão da própria realidade em contraposição às narrativas aqui sugeridas. Nesse sentido o projeto “Conto e reconto” se justifica pela necessidade de fomentar tais ações no contexto escolar.

© 2023 por Amante de Livros. Orgulhosamente criado com Wix.com

  • Facebook B&W
  • Twitter B&W
  • Google+ B&W
bottom of page