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  • Jaine Fidler Rodrigues

Vivência universitária na comunidade

Projeto Rondon expande olhar de estudantes e moradores de Mato Grosso e Pará em 2011 e 2017

É bem “sabido” que a diversidade cultural caracteriza a história do Brasil. No entanto, como ainda vivemos numa estrutura social e econômica, além da riqueza destas diferenças, há desigualdades. Em certos lugares do país, para algumas cidadãs e cidadãos os sonhos parecem estar mais distantes. Neste contexto, políticas públicas e projetos sociais que potencializam a mudança desta realidade, se apresentam como fundamentais. Sendo que, para execução destas ações, ainda mais essenciais, são as pessoas e instituições envolvidas.


Por exemplo, quando se unem universidades, órgãos públicos, estudantes, professores/as e comunidade em prol de desenvolvimento de conhecimentos. Assim como, de soluções. Este é o caso do Projeto Rondon coordenado pelo Ministério da Defesa, no qual a Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó participa desde 2011.



Foto: Ministério da Defesa


Esta vivência tem como propósito proporcionar integração social, responsabilidade coletiva, desenvolvimento sustentável de comunidades carentes e ampliar o bem-estar da população. Os rondonistas encaminham projeto de pré-execução para o Ministério da Defesa com indicação de atividades para serem realizadas num período de duas semanas no município selecionado de acordo com Índice de Desenvolvimento Humano, tamanho do município, etc. São desenvolvidas palestras, oficinas, workshops e outras formas de trocar conhecimento com professores, agentes de saúde, servidores públicos e líderes comunitários, posteriormente, responsabilizados de repassar para demais membros da região.


Os estudantes são divididos em conjuntos. Como: cultura, direitos humanos e justiça, educação, saúde, meio ambiente, trabalho, tecnologia e produção, comunicação social.


Neste processo, foi constatada uma dinâmica diferente com estudantes de jornalismo. Isso porque, tendo em vista a necessidade de equipamentos para execução de práticas, junto da necessidade de dar visibilidade às oficinas, estudantes das áreas de comunicação se tornam os responsáveis por documentar todo projeto para divulgação a partir das plataformas digitais do Ministério da Defesa, também, através de veículos de comunicação onde a operação é realizada.


Operação Tuiuiú: primeira participação do curso de Jornalismo


Nome da operação se refere ao pássaro comum da região: Tuiuiú.

Foto: SOS Pantanal


Em 2011, 397 estudantes e professores participaram da Operação Tuiuiú, no município de Nova Olímpia, no estado do Mato Grosso, de 16 de julho a 1 de agosto, unindo 40 instituições participantes.


Nesta operação, participou a estudante de jornalismo que na época estava no 7º período, Suellen Santin. Ela, antes de ir até uma comunidade carente do Mato Grosso, anteriormente integrava o projeto de extensão da universidade chamado “documentário comunidade uma história que vai virar filme”. No bairro São Pedro de Chapecó, local de vulnerabilidade social de Chapecó.


A partir desta relação com a comunidade, surge a inspiração para participar do Rondon. O planejamento inicial foi feito com o objetivo de transmitir documentários e realizar trabalhos de assessoria. Porém, nesta etapa ainda não é possível saber qual era a infraestrutura do local, qual público iriam encontrar. “Era possibilidades mil”, afirma Suellen.


Junto da comunidade, foi executado algumas amostras, mas, o foco também foi a cobertura e relação com veículos. A partir disso, Suelen conta que a atuação com estudantes de biologia, administração, medicina e outras áreas tornou vivência muito coletiva e interdisciplinar.



Fotos: Arquivo Pessoal


A Rondonista afirma que os moradores da cidade eram muito sorridentes, andavam mais de bicicleta e moto do que de carro, na culinária típica conheceu o suco de caju, pequi e temperos mais apimentados. Conhecer as belezas e dificuldades de um povo para ela: “foi uma lição de vida. Isso é sair um pouco da zona de conforto”. Anos mais tarde inclusive, Suellen retornou ao Mato Grosso para visitar pessoas que conheceu.


Como reflexo da vivência, a estudante fala sobre um dos propósitos do jornalismo, qual se refere ao trabalho direto com pessoas. “Ir com coração aberto para uma experiência como essa você, dialogar com pessoas diferentes da comunidade do interior, comunidade Quilombola, de assentamento, com as pessoas da cidade foi muito engrandecedor sabe? Então acho que essa é a questão humanitária e cidadã que o projeto propõe.


O produto jornalístico final foi um vídeo.




Operação Serra do Cachimbo: 2017


Seis anos depois, o Projeto Rondon completava 50 anos. Naquele ano, após tentativas anteriores, mais ____ do curso puderam conhecer novas realidades, desenvolvendo atividades jornalísticas. Diferente da operação de 2011, os estudantes circularam por todos os municípios da operação. Ou seja, a abrangência da cobertura foi maior. Na escola onde ficaram em Guaratã-MT, foi criada uma mini redação. Por conta do tempo de viagem, dois grupos foram feitos. Num dia, um ia para os municípios, no outro, trabalhava com imagens, vídeos e depoimentos colhidos. Além disso, eram contactados a imprensa local e de Chapecó.


A egressa Marina Passali Favero, naquele ano estava no 7º período e relata que o interesse em participar surge a partir de uma semente plantada pelas colegas Angélica Dezem e Amanda Feronatto. Ao conhecer o projeto houve o encantamento e iniciou-se o desenvolvimento de um planejamento de comunicação para ser executado. Ao relatar sobre a realidade que conheceu afirma: “Até então, tinha pouca noção do que é o Brasil. Eu nunca tinha vivido fora do meu universo privilegiado aqui de Chapecó...Na minha realidade, eu nunca tinha conhecido uma pessoa da minha idade ou mais nova que não tinha o ensino superior como provável destino para ela. Sabe?”


Segundo ela, como estavam presentes várias universidades então o desafio era fazer coisas diferentes - inclusive com produções que ainda não tinham visto na graduação -, inspiradoras. “Foi a experiência profissional mais intensa que tive na minha vida”, afirma.


Na comunidade, Marina ressalta a importância de estimular nas crianças a possibilidade de sonhar. Também, destaca que o vínculo e trocas de experiências com demais estudantes, inclusive de outras áreas, foi importante. “Na universidade, a gente até pode, por exemplo, no ônibus sentar ao lado estudante de outra área, mas não há uma troca de ideias. O projeto de extensão te possibilita isso. Lá você entende o que a outra pessoa faz e ela entende o que eu faço” destaca.

Já o estudante Luidy, estava no 4º período. Ele destaca que entre as produções realizadas, surgiu a ideia de produzir perfis sobre pessoas que não tinham ligação direta com o projeto, quais cumpriam a função de auxiliar os estudantes. Conta que escreveram, por exemplo, a história do motorista do ônibus que transportava os grupos e da secretaria da escola onde estavam hospedados.


Na rotina de produção conta que havia um cronograma de publicações, fotos, vídeos eram enviados por outros estudantes e segundo a relevância das oficinas eram divulgadas.



Publicações do Instagram do Projeto Rondon, produzidas pela equipe de Jornalismo da Unochapecó.

Foto: Instagram Projeto Rondon


Para ele, a experiência fez com que se encontrasse na profissão. Ao trabalhar com essa cobertura para as plataformas digitais de um órgão público, o interesse em trabalhar com assessoria de imprensa foi desperto. Refletindo sobre a responsabilidade envolvida na divulgação de informações e afirma que não tinha nenhum pouco de interesse nesta área. “O Rondon encheu meu coração sabe? Pensei, já sei onde vou focar.”


Fotos: Arquivo Pessoal


Além da vivência estudantil, ambos colegas destacam o suporte dos professores. A professora Angélica Luersen, já participou do projeto como estudante e professora. Com participação em 2011 e 2017 conta que a proposta é transformadora, tendo em vista o contato direto com as práticas jornalísticas e a realidade social do espaço.


Neste contexto, enfatiza: “Quando se fala de ensino superior, falamos de uma tríplice. Para se ter uma vivência universitária real você precisa caminhar nestas três vias: ensino, pesquisa e extensão. O projeto Rondon é de extensão, no qual estudante e professor estão em atividade de extensão em campo, vivenciando diariamente alguma experiência, habilidade da sua área de conhecimento e relacionado com outras áreas também.”

No final da operação foi produzido o vídeo pela equipe de jornalismo da Unochapecó.


Nesta operação estiveram envolvidos 161 rondonistas e atendidos 8 municípios.



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