Por Fernanda Hinning
Quando se pensa em jornalismo para muitos é sinal de glamour, fama e toda aquela agitação que a profissão realmente exige. Para a conclusão do curso se espera com vivacidade a realização da sonhada formatura. O curso de jornalismo da Unochapecó em seus 25 anos de história passou por diversas comemorações memoráveis, diversos alunos fecharam este ciclo de maneira de fato glamurosa, com a oportunidade de usufruir de uma noite única, a suada conquista de erguer o diploma.
A jornalista Carol Bonamigo atualmente é diretora de jornalismo da Revista Flash Vip e da Agência de Comunicação FV Comunica. Mas antes de sua carreira profissional, o seu sonho começou em 2005, quando ela entrou na faculdade de jornalismo na Unochapecó, concluiu o curso em 2009, e realizou seu sonho de uma noite de gala com sua festa de formatura, que ocorreu no Clube Industrial.
Para ela foi muito importante e simbólico realizar a colação de grau e a festa. A turma era muito unida, mesmo sendo pequena, com apenas 10 alunos, os quatro anos foram passados com a ajuda e apoio uns dos outros. “Inclusive muitas pessoas que estiveram comigo na faculdade, levo a amizade até hoje”, afirma.
Turma de Jornalismo de 2009
Simone, Rafaela, Carol, Elizandra, Eliane, Edina, Christiane, Cesar, Ana Regina e Aline
Foto: Arquivo Pessoal, Carol Bonamigo
O momento além de representar o ritual de passagem, confirmou para Carol e seus colegas que agora eles deixavam a vida acadêmica como estudantes, para passar para nova etapa, como profissionais, como jornalistas. "Compartilhar isso com meus amigos, familiares e principalmente, com a minha turma que viveu essa etapa comigo foi muito importante”, disse ela.
Carol nem mesmo tem fotos sozinha no evento, o que demonstra a união que sua turma tinha.
A formatura que nunca aconteceu
Afinal que garota nunca se imaginou vestindo um belo vestido esvoaçante para uma comemoração. Muitas não realizaram o sonho de ter uma festa de 15 anos e a formatura da faculdade passa ser um desejo. Este é vivido ao lado de pessoas especiais, com apoio da família e dos amigos. E já imaginou faltar duas semanas e ter o sonho cancelado?
Tudo parecia correr conforme o esperado, quando a turma de jornalismo que entrou na faculdade em 2016, fechou seu contrato com a empresa Vignatti Formaturas em A data ficou marcada no calendário para a jornalista, Juliane Bee, desde 2018, quando onze estudantes escolheram todos os detalhes do grande dia, 04 de abril de 2020.
Dia do fechamento do contrato em 2018
Foto: Arquivo Pessoal Juliane Bee
Uma data em que não apenas os formandos, mas todos os convidados estavam empolgadíssimos. Juliane já havia escolhido o vestido para sua noite, a música de entrada e investido R$500,00 nos copos para a festa, que seriam recordações, além de claro todo o pagamento envolvido. Sua família estava contando os dias, para ver de perto a primeira neta a segurar o diploma. “Minha avó tem 75 anos e me deu um anel de formatura que era dela”, conta.
O professor Hugo Gandolfi foi convidado para o paraninfo da turma, a tantos anos na universidade já tinha total experiência para conduzir o tão esperado cerimonial. Já o professor Vagner Dalbosco foi pego no susto em uma trollagem feita pela turma para receber o convite de ser Patrono na ocasião e abrilhantar a noite como padrinho dos formandos.
As fotos do ensaio pré formatura haviam sido feitas ainda durante 2019, com beca e tudo, com canudos vazios jogados para cima, ansiosos com a grande espera, de quando os diplomas estivessem dentro deles, abrilhantando o momento. O vídeo produzido com o sonho, ainda está disponível na página da empresa. Tudo estava devidamente planejado, nos conformes, a cada dia o sonho da noite de gala se aproximava dos estudantes.
Em dezembro a formanda havia visto notícias sobre o início da pandemia e a disseminação da Covid-19 na China, ela revela que até mesmo brincou com sua colega de trabalho na época: “Já pensou se isso chega aqui e a minha formatura é cancelada!?”. Na ocasião ela não pensava que seria cancelada mesmo.
Juliane foi em duas formaturas logo no início de março, a vida estava andando como deveria, mas havia lá no fundo um certo receio que o seu dia pudesse não acontecer. “No dia 17 de março a pandemia foi decretada, eu fiquei desesperada, triste, chorei muito”, relembra.
Pois então começaram os planos de uma possível nova data, quem sabe no final do ano, em outubro de 2020. Mas cada vez que a nova data se aproximava, era reagendada, mais uma vez, distanciando os então jornalistas cada vez mais deste desejo.
Passado um ano sem o evento acontecer, e sem perspectivas de uma melhora no cenário para que a festa ocorresse, não apenas para Juliane, mas para toda turma deixou de fazer sentido que a formatura fosse realizada. A festa, assim como para Carol, era símbolo do encerramento de um ciclo, mas diante da espera a vida seguiu e todos foram se inserindo no mercado de trabalho e a formatura deixou de ser símbolo do fim da vida acadêmica, pois todos os envolvidos deixaram de ser estudantes para serem de fato profissionais. “Eu mesma já estava terminando minha pós graduação, então a turma entrou em acordo e decidimos não fazer mais a formatura”, revela.
Infelizmente nada aconteceu como o esperado e com a decisão de não realizar mais a turma teve de pagar uma multa, mas também conseguiu o reembolso de uma parte do valor investido, que segundo Juliane está sendo devolvido mensalmente pela empresa a cada um dos envolvidos.
Ela ainda conta que se fosse hoje não pagaria mais por uma noite de gala, atualmente ela vê a comemoração de forma diferente, mais como um gasto do que uma realização de encerramento simbólica, até mesmo que após inserida no mercado ela percebeu que as coisas vão simplesmente acontecendo. “A turma da formatura sempre foi muito parceira, vivemos tudo que tinha pra viver, a empresa nos deu todo o suporte o que ficou foi o aprendizado. Ainda bem que minha única aquisição foram os copos que vão ser usados em outra ocasião com a data errada”, brincou.
As fotos com a beca aconteceram.
Foto: Arquivo Pessoal Juliane Bee
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