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Contos de família

  • Ana Carla Soboleski Merlo
  • 7 de jun. de 2016
  • 10 min de leitura

RESGATE DE CONTOS - EEB SAAD ANTONIO SARQUIS

A literatura “Colcha de Retalhos”, de Conceil Correa foi a propulsora de trabalho grandioso, que resgatou momentos e histórias de vida das famílias dos alunos das turmas do 5º ano da EEB Saad Antônio Sarquis, escola da rede estadual, inserida em um bairro de periferia da cidade de Chapecó.

Foi confeccionada uma “mala de viagem”, contendo um caderno de memórias e a cópia da obra. Sob orientação da professora Ana Carla Soboleski Merlo, os alunos levavam a mala para casa e traziam no dia seguinte, com o compromisso de adicionar à ela um objeto especial para sua família e uma receita culinária. No decorrer dos dias, e diante do desafio de se produzir um conto, os alunos foram instruídos a buscar uma história, junto às famílias e escrevê-las.

Veja abaixo os contos produzidos pelos alunos:

 

A PESCARIA

Certo dia meu avô Valmor levou seu filho Dionathan, ( que é meu pai ) à uma pescaria no interior de Águas de Chapecó na fazenda de um amigo seu, onde passava o Rio Chapecó que é muito grande e assustador.

Meu pai vivia incomodando para ir junto, mas meu vô sempre dizia que era perigoso e não o levava. Porém, naquele dia resolveu leva-lo junto. Arrumaram as coisas, barracas, lanternas, cobertas e roupas. Compraram alguns alimentos e bebidas, pois lá ficava longe da cidade, no meio do mato.

Chegando lá, arrumaram o acampamento, armaram as barracas, fizeram fogo pra assar uma carne pra janta. Depois enquanto a lenha queimava, desceram até o rio para armar as redes e as esperas para pegar os peixes, pois já estava ficando escuro.

Depois disso, voltaram ao acampamento, assaram uma carne, jantaram, jogaram umas conversas fora e foram dormir, pra que no outro dia pudessem acordar cedo para ver as redes e esperas. Porém, no meio daquela escuridão toda, o barulho dos bichos, os estalos do meio do mato, o latir dos cachorros ao longe, foi batendo um medo tão grande que as pernas de meu pai ficaram bambas. Na barraca foi se aconchegando bem perto do meu avô.

_Foi a noite mais longa da minha vida. Disse meu pai Dionathan.

Quando clareou o dia, levantaram ansiosos para ir ver quantos peixes haviam pego nas redes. Meu pai sempre junto com meu avô, depois de todo o medo que passou a noite, não desgrudava. Meu avô chamou meu pai para ajudar puxar as redes e tirar os peixes, não tinha tanto peixe na primeira rede então foram para a segunda. Quando meu pai puxou pra fora d’água, levou um tremendo susto, nela estava não um peixe mas uma cobra enorme. Meu pai quase desmaiou de susto e meu avô o acalmou, e foi tirar a cobra presa na rede quando de repente, caiu nas aguas do rio, fazendo com que meu pai ficasse mais apavorado ainda. Que sufoco, meu avô rapidinho voltou pra barranca do rio, se equilibrou e com um golpe de facão matou a cobra. Pegaram o restante dos peixes e foram embora, meu vô ria muito do medo que meu pai passou.

No final, graças a Deus tudo deu certo e meu pai nunca mais pediu pra ir junto com meu vô pescar. Acho que aprendeu a lição que “ beira de rio não é lugar da criança”.

João Gabriel Fiori

História contada pelo avô Valmor Fiori e pelo pai Dionathan Fiori

 

O MATO DE OURO

A muitos anos atrás meu bisavô materno que se chamava Adão, morava no interior, perto de um mato fechado e cheio de histórias, esse mato era conhecido como “mato de ouro”. Sobre ele contavam uma história que havia uma gruta e escondida nela uma panela de ouro muito valiosa e quem tentava procurar por ela nunca mais voltava pra casa.

Na beira do mato morava também um tio e todas as noites que ele levantava e olhava pela janela ou pelas frestas da casa, via um vulto e um brilho muito forte que deixava qualquer um cego.

Muitos caçadores e até crianças entraram neste mato para procurar pela gruta e pelo ouro, e segundo a história nunca mais voltaram para suas casas.

Este mato foi transformado em reserva ambiental e até hoje ninguém se atreve a entrar nele, seja para caçar ou procurar algo, com medo de não poder mais sair dele e voltar para casa.

Alessandra B. Bollis

História contada pela mãe Beatris S. Matos

 

A NOITE NO CEMITÉRIO

Uma tardinha, uma mulher loira, com saudade de sua irmã que havia morrido a muito tempo, resolveu ir ao cemitério para visitar seu túmulo. Chegando lá, estranhou, pois na entrada havia um guarda no portão, mas nunca havia reparado que houvesse um antes. Então falou ao guarda:

_Vou visitar o túmulo de minha irmã, não demoro.

O Guarda lhe respondeu:

­_Sim senhora, vou lhe esperar logo ali.

Foi entrando no cemitério, e sentiu um arrepio. Quando chegou no túmulo da irmã viu um vulto passar por tras. Ficou assustada, sem saber o que fazer. Assustada, saiu correndo em busca do guarda, gritando por socorro.

Já no portão do cemitério, não encontrou o guarda em lugar algum. Decidiu ir embora, quando foi pegar a chave do carro, estas também tinham sumido. O pânico já tinha tomado conta da loira quando a mesma olhou pro lado e viu o guarda sair de dentro do cemitério vestido com uma roupa branca todo ensanguentado.

A mulher não parou para saber o que estava acontecendo, correu tanto que nunca mais se soube pra onde foi. O carro dela até hoje está estacionado na frente do cemitério.

João Victor Decarli

História contada por meu pai Edson Decarli

 

CONTOS DE CEMITÉRIO

Quando meu pai era jovem e solteiro, saía a noite com os amigos para se divertir. Na volta de uma festa, depois de beber um bocado, resolveram entrar no cemitério que passavam sempre na frente. Naquela noite encorajados pela bebida, entraram e deram uma voltas por lá, rindo e falando alto, querendo mostrar que não tinham medo algum.

Passados alguns minutos resolveram ir pra casa, ainda achando graça e falando bastante. Chegaram no carro, entraram, deram a partida e....nada, nem sinal. Se olharam ainda achando a maior graça, bateram arranque de novo.....nada. Aí foi perdendo a graça, mais uma vez..... e mais uma....se olharam já preocupados. Quando olharam pro lado, viram um senhor de terno preto vindo na direção do carro, e o carro nada de pegar, batiam o arranque e olhavam e o senhor cada vez mais próximo, aí bateu o desespero. O senhor já estava bem pertinho do carro e não parava, de repente ele atravessou pelo carro. Assustados olharam para o outro lado do carro e o senhor havia desaparecido na travessia do carro.

Tremendo de medo e pavor bateram o arranque do carro que pegou na hora, saíram jogando pedras pra tras e nunca mais quiseram passar perto do cemitério, principalmente a noite.

Stefani Joner

História contada por Dyonatan Joner

 

AS FLORES DA MORTE

Um dia uma moça muito jovem ficou doente e teve que ficar internada em um hospital. Desenganada pelos médicos, a família não queria que a moça soubesse que iria morrer. Todos os amigos e familiares a visitaram, pois sabiam o que iria acontecer. Ela perguntava a todos se ir morrer e todos negavam.

Depois de muitas visitas em meio a uma oração ela fez um pedido baixinho. Neste pedido iria saber o que iria acontecer com ele. Pediu rosas brancas se iria melhorar e voltar pra casa, rosas amarelas se fosse ficar mais um tempo no hospital e e rosas vermelhas se estivesse próximo do dia de sua morte.

Em poucos dias uma senhora que se identificou como “mãe da Berenice”, bate a porta do quarto do hospital e entrega a mãe da moça um buque de rosas vermelhas, murchas e sem vida. Nesse instante a moça que estava dormindo acordou e viu, a mãe sem entender nada lhe mostrou a entrega sem saber do pedido da filha em oração.

A moça então assustada contou pra mãe do seu pedido em oração e que a mãe da Berenice era morta a mais de 10 anos. Naquela mesma noite a moça morreu. Detalhe: no hospital ninguém viu essa mulher que trouce as flores.

Matheus Junior da Silva

 

A HISTÓRIA DO ANJO

Em um dia muito chuvoso, uma senhora bateu na porta da casa da minha professora Rubia.Ela atende.Na sua frente uma senhora toda molhada com um bebê no colo, ela chama pra entrar. Pega roupas secas, cobertas e um chá quentinho para os dois.

Logo a chuva foi embora, e a senhora também, mas antes disso agradeceu a ajuda e saiu caminhando. A professora fechou a porta e foi para a janela observar, quando a senhora começou a subir o morro, olhou pra trás e .... sumiu.

Minha professora ficou intrigada com o que aconteceu, mas entendeu que essa senhora era um anjo que veio para testar sua bondade e compreensão.

Pedro Henrique Orlandi

História contada por professora Rubia Munarini

 

A CASA MAL ASSOMBRADA

Numa rua pouco movimentada, havia uma casa que todas as pessoas que moravam nela ficavam por pouco tempo.

Um dia uma nova família se mudou pra lá, no começo tudo estava tranquilo, a casa era grande, bonita, tinha sótão e porão. Nela moravam os pais, uma menina de dez anos, uma de dezesseis e um menino de cinco anos. Passados alguns dias as coisas já estavam diferentes na casa. O menino de 5 anos dizia ouvir uma música na hora de dormir, sua mãe tinha a impressão de ver o tempo todo uma pessoa parada na porta e pra piorar o pai viajava e ficava fora por vários dias.

Quando chegou de viagem todos relataram o que sentiam na casa, no início o pai não acreditou e disse que era só a imaginação deles. Conversa vai, conversa vem entre a família e na hora do jantar quando todos estavam sentados a mesa, algo caiu com força no sótão. Todos se olharam. O pai prontamente levantou e subiu dar uma espiada, mas disse que não tinha nada pelo chão caído então começou a ficar desconfiado.

No aniversário de dez anos da menina, seus amigos e amigas da vizinhança foram convidados para comer bolo. Muitos olharam com medo, mas foram, curiosos para conhecer a casa. Nesse dia contaram as histórias que sabiam sobre a casa mal assombrada. Disseram que ali morava uma velinha muito sozinha e que a mesma morreu ali e foi encontrada dias depois. Os vizinhos que a conheciam a enterraram no cemitério da cidade, mas que nunca mais forma até lá fazer uma oração. A partir daí coisas estranhas começaram acontecer, barulhos, gemidos, coisas caindo, portas abrindo, vultos...

A família não se mudou da casa mas aprendeu a conviver com os “fantasmas” que lá também habitam.

Camilli Isadora Santos

Baseado em fatos reais

 

O CACHORRO DA QUARESMA

A muitos anos atrás, em época de quaresma, segundo conta minha tia, todas as noites a família de minha avó ouvia um cão que parecia passar em frente a casa correndo, latindo forte e uivando muito.

Certo dia, meu tio já cansado e incomodado com aquilo, reuniu seus três maiores cães e os soltou assim que ouviu o barulho do tal animal. Os cães saíram correndo e latindo pra trás de casa até sumir na escuridão. Os minutos que se passaram foram de puro medo, só se ouvia latido de cachorro e em poucos minutos lá estavam os cães do meu tio. Correndo e se escondendo de medo, com o rabo entre as pernas, naquela noite ninguém mais os viu.

No outro dia meu tio, muito curioso, saiu em busca do local da briga e logo encontrou. No local havia uma árvore, e qual a surpresa, estava toda arranhada de unhas fortes até uma altura de uns três metros. Depois desse dia nunca mais se ouviu nada, mas o medo do ‘cachorro da quaresma’ nunca mais passou e até hoje se comenta entre a família sobre o acontecido.

Dienefer A. Vieira

Contada por Maria Lurdes Vaz

 

ASSOMBRAÇÃO NO ACAMPAMENTO

Numa tarde de sábado, meus pais ainda eram jovens, resolveram acampar com mais dois casais de amigos na beira do Rio Chapecó na propriedade de um amigo de um dos casais. Se organizaram e partiram faceiros para o rio.

Chegando lá arrumaram as barracas, fizeram fogo pra se esquentar e assar uma carne, tomaram umas cervejas e jogaram muita conversa fora. Lá pelas tantas os amigos já estavam cansados e com sono e foram dormir. Meu pai e minha mãe sentaram na traseira da caminhonete conversar e namorar um pouco.

De repente meu pai viu uma luz bem forte que parecia andar pro lado do rio e falaou pra minha mãe:

_Mari, não se assuste, deve ser o Pepé e o Lindo querendo nos assustar, vamos dar a volta por trás do acampamento e dar um susto neles primeiro.

Pé por pé deram a volta por trás da luz e quando chegaram perto a luz de repente sumiu e não havia ninguém ali por perto. Num tremendo susto correram mais que as pernas alcançavam e se trancaram dentro do carro e ali ficaram até o dia amanhecer.

Na manhã seguinte ainda muito assustados perguntaram aos amigos se tinham visto algo diferente na noite passada. Mas ninguém viu nada, todos disseram estar dormindo. Com muito medo, carregaram as coisas e foram embora. Na saída do camping conversaram com o dono das terras e explicaram por que estavam indo tão cedo. Então o dono contou que muitos já tinham visto por ali, uma mulher vestida com uma roupa muito branca e reluzente que atravessava o rio passando sobre as águas de uma margem. Dizem que esta mulher havia morrido afogada neste mesmo lugar e que volta e meia as pessoas que acampavam por ai a viam vagar como luz por lá.

Erick Gustavo Flores

História contada por Marilia T. Gallina e Aldemir Flores.

 

CAPÃO DO MATO

Meu nono sempre contava essas histórias pros filhos e netos. Antigamente não tinha carro pra sair nos bailes, então os rapazes e as moças iam a pé, muitas vezes por muitos quilômetros, pois as comunidades eram longe umas das outras.

Minhas tias sempre saiam juntas a esses bailes e numa noite de sábado resolveram ir numa comunidade perto, havia dois caminhos, uma mais longo pela estrada e outro bem perto pelo mato. Elas já tinham ouvido muitas histórias sobre os fantasmas do mato, mas davam risada e não acreditavam. Então resolveram pegar o caminho mais curto, o mato.

Estavam as três caminhando e conversando, às vezes até cantavam uma música quando de repente, uma delas percebeu um vulto e falou pra outra, então a outra também viu. De repente estavam as três gritando e correndo, atrás delas passavam vultos e quanto mais corriam, mais vultos vinham.

Quase morreram de tanto correr e quando chegaram ao baile, já estavam cansadas e com muito medo. Contaram a alguns amigos o que aconteceu. Estes disseram que sabiam e que ali naquele mato muitas pessoas inocentes tinham sido mortas por vingança e intrigas e largadas no meio do mato pros animais devorar.

Desse dia em diante nunca mais riram desse tipo de história e quando tinham que sair pensavam duas vezes e passar pelo matão, nem pensar.

 


 
 
 

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