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  • Rafael Chiamenti Pedroso

Da experiência ao reconhecimento

Alunos de Jornalismo se desafiam em cobrir a Parada LGBTQIA+ de Chapecó

Por Rafael Chiamenti Pedroso

Há quem diga que se reconhecer é um processo doloroso e muito árduo, de tempo muito distante. Mas de outra forma, não nega-se que processo de ser, e se reconhecer, traz experiências. Nesse meio, se desafiar a cobrir um evento, com cunho jornalístico, torna-se sagaz para um iniciante jornalista. O que não foi diferente para os estudantes de jornalismo da Unochapecó, Angela Bueno, Fernando Bortoluzzi e Wélinton Rocha. Em questão, todos tiveram seu momento de realizar a cobertura da Parada de Luta LGBTQIA+ do Oeste Catarinense, que ocorre anualmente na cidade de Chapecó.


Fernando cobriu a edição de 2018 da parada. Através do voluntariado na ACIN-Jornalismo (Agência Integrada de Comunicação), o estudante relata que o momento para ele foi único, pois foi onde sentiu que estava fazendo a coisa certa. “Foi a primeira vez que tive essa sensação de pertencimento”. Em termos de experiência, foi sua cobertura pioneira na área do jornalismo. “Esse aqui é o meu lugar!”.



Registro: Fernando Bortoluzzi


Angela Bueno, estudante do sexto período do curso nos conta que também foi seu primeiro evento enquanto jornalista. Sua inexperiência não foi fator negativo para realizar a cobertura. Pegou sua câmera, seus três meses de estudante de jornalismo e só foi. Para ela, foi um momento em que teve a certeza do que estava cursando, que era o desejo de estar no meio do público cobrindo, conversando, tirando foto, entrevistando.


Rocha, como é conhecido, destaca que o momento foi sensacional. Foi sua primeira cobertura, onde ficou o dia todo trabalhando, entrevistado, fazendo imagens de apoio. Para ele, enquanto estava cobrindo a parada, teve a noção de separar seu lado profissional enquanto jornalista, do lado que gostaria de estar no meio do público.


Ao todo, os três cobriram as paradas de 2018 e do ano de 2019, a última que aconteceu de maneira presencial. O frio da barriga foi indispensável neste evento. Fernando teve duas entradas ao vivo no meio da cobertura, e recorda boas lembranças do momento. Além disso, também realizou registros fotográficos e entrevistou fontes para reportagem. O preparo e a segurança são dois fatores que diferenciam na hora de realizar uma cobertura, destaca Fernando. “Na época eu estava totalmente perdido, só seguindo orientações da professora Ilka e da professora Ana que estavam lá. Hoje, já tenho mais liberdade para correr atrás e fazer o que eu sei que tenho que fazer”. Para o estudante, sua área preferida para fazer cobertura, é a de audiovisual e fotografia. “Sei ao que ficar atento e ao que fotografar ou filmar”.


O encontro do humano com o desejo interpessoal


Impulsionado pela sensação primária de cobertura, e o instinto jornalístico começando a dar seus primeiros sinais na veia, os estudantes discorrem sobre a primeira experiência. E para Fernando, o quase-jornalista enfatiza que a parada foi o pontapé inicial para isso. “Mostrou que eu estava no lugar certo, com as pessoas certas, fazendo a coisa certa para mim”. O estudante sempre abordou assuntos LGBTQIA+ em seu cotidiano universitário, se interessando pelos temas de justiça social, e desta forma, foi o incentivo de melhor primeira experiência.


E o caminho jornalístico se torna cada vez mais precoce. Desde o pegar na câmera, manusear, o modo de desenvolver sua escrita e moldar conforme o gênero, a maneira e postura de entrevistar e coordenar uma pauta, são muitos os caminhos. E para Angela, sua experiência foi significante. Chegas nas pessoas e entrevistar elas, tem seus pontos positivos e reativos. Um deles é o pertencer. “[estar na parada] uniu o Jornalismo e uma luta social na qual estou inserida.” A pauta em si ajudou a estudante a definir seus pontos enquanto profissional. “Eu queria contar a história dessas pessoas para que muita gente pudesse ter acesso e tivesse a certeza que não estaria sozinho.”


Registro: Angela Bueno


Mas no jornalismo, sempre há aquele momento de se ‘de’sencontrar. Angela relata que o que a motivou a cobrir a parada, em sua real intenção, foi o sentimento de estar na parada, mas não podia estar lá por não ter se assumido parte da comunidade ainda. “Eu usei o jornalismo como ferramenta para eu estar lá no meio, mas como jornalista e não como participante do movimento”.


Calouro, senta e escuta!


Engana-se quem pensa que nestas coberturas é só moleza! Para quem deseja - ou irá - cobrir seu primeiro evento, os estudantes deixam dicas. Observar sempre todo contexto do que está acontecendo, e se caso a pauta seja prevista, se dedicar ao máximo antes de estudar bem ela. Além disso, uma outra boa ideia é levar uma lista com perguntas que possa fazer para a fonte. Fernando é enfático nos conselhos: “Mesmo que você não entenda muito, esse é o seu papel, entender para transmitir. Não tem problema chegar lá e se sentir um zero a esquerda”.


“Uma cobertura só vai te ajudar, o aprendizado é muito grande”. Essa é a prerrogativa do Rocha, onde destaca a prática, seja pegando em câmera, regulando microfone, que ensina e conduz os aprendizados necessários para o ser jornalista. Mas para além disso, o estudante também orienta que a escolha de roupa no dia seja sempre confortável. “A gente acompanhou até o fim a parada, teve horas que subia no caminhão pegar imagens e depois descia para pegar imagem da multidão caminhando, não parou, foi corrido”. O aprendizado fica: é importante ter cobertura na faculdade.


Já para Angela, ela recomenda levar uma mochilinha com água em uma cobertura de evento. Investir em uma lente boa de câmera para poder pegar diferentes tipos de ângulo, e se for gravar vídeo, sempre olhar as baterias antes. “Você vai crescer muito, pois vai ter contato com muitas pessoas e muita história para contar”. Além disso, ela destaca que o fato do curso fazer essas coberturas e incentivar os estudantes, auxilia na habilidade de já entrevistar as fontes, e também de criar agilidades para situações e contextos. “Isso dá mais coragem e desenvoltura para o estudante”.


Aliás, confere o documentário de Angela Bueno, a qual produziu com seu colega durante a 4º Parada de Luta LGBTQIA+ do Oeste Catarinense:



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