Como estudantes de jornalismo do Oeste de SC destacaram o pleito
Por Francisco Luiz Jaime Lund Junior
As eleições municipais de 2020 foram as eleições mais atípicas da história do Brasil, visto que ocorreram durante a pandemia de COVID-19. Na região Oeste de Santa Catarina a maioria das atenções estava voltada para Chapecó, onde Luciano Buligon estava saindo da cadeira de prefeito, havendo uma grande chance do grupo político formado em 2004 com a liderança do prefeito eleito João Rodrigues, se mantivesse no poder. Neste período, através da ACIN Jornalismo (Agência Integrada de Comunicação) alguns estudantes foram convidados a se voluntariar a cobrir a eleição em um dos colégios eleitorais da cidade na qual estavam durante a pandemia. Alunos de dentro e fora do Oeste Catarinense participaram desta atividade.
Briann Ziarescki, na época, estudante do sexto período de Jornalismo, foi o responsável por cobrir quatro colégios eleitorais em Chapecó (SC), sendo eles, E.E.B Bom Pastor, E.E.B. Coronel Ernesto Bertaso, E.E.B Zélia Sharf e E.E.B Lara Ribas. E para ele, a tarefa de realizar boletins sozinho não foi fácil, mas foi gratificante. Apesar da pouca prática, ele não se deixou abalar, mas precisou de uma ajuda inesperada para ser seu cinegrafista na hora de entrar ao vivo. “Foi muito gratificante ter sido convidado a participar dessa cobertura. Fazia algum tempo que não trabalhava no jornalismo diário, pois estava no marketing e a experiência me mostrou que não estava de todo “enferrujado” [...] Foi difícil realizar os boletins sozinho. Precisei da ajuda do meu pai que me auxiliou nas gravações”.
Demais regiões também houveram voluntários
Na cidade de Itapiranga (SC), Luana Poletto relata que esta prática foi essencial e única para ela. “Sem dúvidas foi uma prática que vejo como essencial durante a graduação. Apurar as informações e divulgar um conteúdo sério e qualificado é o que a gente aprende em sala de aula, e nesta ocasião foi possível praticar isso tudo”. Em sua primeira cobertura eleitoral, ela elogia o ótimo trabalho da equipe. “Com o bom planejamento e dedicação de toda a equipe, foi possível realizar um ótimo trabalho”.
Katlen Karczewski, que é nascida e criada em São Miguel do Oeste (SC), deu muito valor a essa cobertura e a oportunidade que a ela foi dada. E também agradece aos professores-coordenadores desta atividade. “Fomos auxiliados pelo professor Dirceu e pela Eliane da ACIN. Eles nos orientaram sobre quais informações eram fundamentais para os boletins, qual a postura e o modo de falar ideais e ficaram à disposição para sanar dúvidas”. Ela acrescenta também que, apesar de todo o suporte, o nervosismo faz parte do trabalho e que isso inúmeras vezes ajudava ela a ser cada vez mais perfeccionista. "Fiquei muito feliz com o resultado. Sem dúvidas nessa experiência pude aprender coisas que levarei para a vida como jornalista".
Passando para o outro lado do mapa, em Vargeão (SC), a estudante Anelize Iltchenco se sentiu bastante desafiada com o proposto. A mesma relatou que por ser uma cidade com uma quantidade menor de habitantes, os moradores não estão acostumados com este tipo de cobertura com recursos visuais, fora as brincadeiras que ocorrem por trás do repórter. E também confessa que foi confundida com "boca de urna". “É muito difícil lidar com algumas pessoas, muitos julgamentos [...] alguns achavam que era a mandado do prefeito que estava concorrendo à reeleição". Mas nem tudo é ônus, para ela, a própria descreve que a experiência de poder participar de diferentes áreas que o curso de jornalismo proporciona é incrível. “É nesses momentos que devemos prezar pela imparcialidade e ter consciência de que o papel do jornalista é informar os fatos seja qual for o lado e situação”.
Uma das coisas em comum entre essas três coberturas, foi a disparidade entre os candidatos das cidades. Em Vargeão o Volmir Felipe (PSD) desbancou o concorrente Alex Brandalise (PT) com 627 votos de diferença. Em São Miguel do Oeste, Wilson Trevisan (PSD) desbancou João Grando (MDB) por 8.786 votos de diferença. E por fim, Itapiranga deu a vitória para Alexandre Ribas (PP) em cima de Jorge Welter (MDB) por 1.738 votos de diferença.
Sem dúvida, mesmo com a correria da apuração, o nervosismo e, até mesmo, a angústia de cobrir uma eleição pela primeira vez, a experiência que o curso de Jornalismo proporcionou serviu para desenvolver ainda mais habilidades. Muitos dos acadêmicos participantes das coberturas antes nem sequer pensavam em realizar um trabalho sobre política. Entretanto, esta vivência mais uma vez demonstrou que o profissional Jornalista tem que estar preparado para lidar com diferentes situações, além de saber um pouco de tudo, inclusive sobre política e seus bastidores.
E é justamente proporcionar essas situações que fazem um curso de comunicação, no caso Jornalismo, um diferencial na vida de estudantes que estão na metade do curso. Isso porque, em alguns casos, o futuro profissional só irá vivenciar experiências como essas quando já estiver atuando em empresas ou grupos do ramo da comunicação. “Acredito que essas experiências que o curso nos propicia devem ser aproveitadas ao máximo e que, no futuro, como profissionais, serão muito importantes”, explica Katlen.
Em 2022, os brasileiros voltarão às urnas para escolher seus representantes. Desta vez, os candidatos serão à presidente da República, Governador, Senador, Deputado Federal e Estadual. Há menos de um ano para o pleito, os bastidores e as articulações já encontram-se a todo vapor. Especulações de candidatos, de coligações, de traições e alianças fazem parte do cenário. E, diante deste contexto, o papel do jornalista e dos meios de comunicação apresenta-se como essencial para informar à população sobre tudo o que envolve o meio político, que, assim, como as nuvens, movimenta-se muito rápido.
A próxima eleição tem tudo para ser histórica no que se refere ao restabelecimento da democracia, da harmonia entre as instituições e o combate às notícias falsas. Muitos, inclusive, clamam para que o pleito não demore a chegar para escolher novos candidatos ou votar novamente nas suas opções. Mas o fato é que não irão faltar os acadêmicos do curso de Jornalismo da Unochapecó, em parceria com a Acin, realizando a cobertura e não deixando passar nada de informações e bastidores. Quem ganha, além dos estudantes que enriqueceram habilidades profissionais, é também aquele que é a principal razão do jornalismo existir: a sociedade.
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